Paulo José Mateus, presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar do Vitória FC e membro da comissão de acompanhamento da auditoria às contas do clube, frisa relevância da reunião de hoje (20:30 horas)
O Pavilhão Antoine Velge é hoje, a partir das 20:30 horas, palco de uma Assembleia Geral (AG) Comum Extraordinária do Vitória FC para apresentação, apreciação e votação sobre o modelo de auditoria a implementar para dar seguimento à decisão aprovada pelos sócios na AG de 28 de Novembro de 2018. Antes de os sócios se pronunciarem, O Setubalense – Diário da Região ouviu Paulo José Mateus, presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e um dos membros da Comissão de acompanhamento da Auditoria às contas do clube.
Em linhas gerais, que proposta vai a Comissão da Auditoria que lidera apresentar aos sócios na Assembleia Geral Comum Extraordinária de quinta-feira?
Antes da explicação sobre a proposta, gostaria de dizer que esta AG do Vitória FC foi solicitada pelo CFD e é das mais importantes para o futuro do clube e da sua SAD. Para podermos resolver o presente, e projectar o futuro, será imperativo perceber o passado. Devemos sem sombra de dúvida explicá-lo aos detentores do clube que são os sócios. Posto isto deixo a explicação concreta para a AG, mas poderei dizer que levaremos a Auditoria até ao tempo necessário para explicar todas as vertentes que os sócios anseiam, como o processo dos terremos, os investimentos CMS [Câmara Municipal de Setúbal]/ Pluripar, e também a verificação da forma de gestão imposta no clube durante esses anos, em suma temos a responsabilidade de explicar todos os pontos que foram tema durante estes últimos dezoito anos.
Qual a duração temporal de auditoria que vai ser apresentada?
Será uma auditoria dividida em dois pontos, um com grande incidência nos actos de gestão efectuados nos últimos anos, completando com todos os movimentos pendentes e necessária explicação até ao limite do mandato aprovado pelos sócios que são os 18 anos. Para a explicação mais detalhada gostaríamos que os sócios comparecessem em massa na AG.
Quais os custos de uma operação complexa como a que será feita e quem vai suportar os mesmos?
Quanto ao custo da auditoria será sempre da responsabilidade da Direcção do Clube, este é o órgão executivo do clube, são eles que terão de disponibilizar os meios necessários para cumprir o que os sócios em AG determinam, pois estes são os detentores do Vitória FC. Claro está que a comissão levou e muito em linha de conta a questão custo benefício, sendo assim foi feito um esforço entre as empresas que prestam este tipo de serviço e a comissão que avaliou os respectivos cenários. Sabíamos que devido às dificuldades sobejamente conhecidas que o clube atravessa, não seria possível um valor despropositado aos esclarecimentos necessários. O valor determinado será dado em AG, mas é dentro do razoável e penso que possível para o Vitória FC.
Numa primeira reunião com os órgãos sociais, realizada a 16 de Janeiro, não foi possível chegar a acordo sobre o modelo de auditoria a implementar para dar seguimento à decisão aprovada pelos sócios. O que esteve na origem desse impasse?
Essa questão foi bastante levantada pela comunicação social no momento, mas, no entendimento da comissão, essa reunião não tinha como intenção a existência de um acordo, visto que o mandato aprovado em AG pelos sócios dá esse poder à comissão. Sucedeu que foi solicitado pelo CFD, em nome da comissão de Auditoria, que é composta pelos sócios Eduardo Moreira Pinto, Nuno Soares, Antonio Rita e José Dias Mendes, e que em muito agradeço o empenho e dedicação a este processo e a forma profissional e, principalmente, com uma ética que engrandece o Vitória FC, uma reunião com a Direcção do clube para explicação do primeiro esboço existente da auditoria, ao qual não obtivemos resposta. No nosso entendimento este processo é demasiado importante para ficar parado no tempo e, por isso, foi solicitado então ao Conselho Vitoriano, onde estariam presentes os órgãos sociais e alguns conselheiros sempre importantes para os destinos do clube, porque pensamos nós que eticamente deveremos informar e ouvir os outros órgãos do clube. Em nosso entendimento não existe impasse nenhum, foi simplesmente uma troca de opiniões sempre importantes.
O que foi alterado para permitir que essas dificuldades fossem ultrapassadas?
Os conselheiros foram ouvidos, e foi levado em linha de conta alguns pontos do processo existente.
Que posição teve o presidente Vítor Hugo Valente durante este processo?
Essa pergunta terá de ser colocada ao presidente do Vitória FC como deve calcular não seria ético da minha parte responder.
«Tornar clube credível, fiável e honesto»
Enquanto ex-tesoureiro do clube e actual presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar quais as consequências que podem resultar da realização da auditoria, caso os sócios deem luz verde à mesma?
Como ex-tesoureiro deixou-me a noção de gestão que o clube tem neste momento, e como presidente do CFD ainda tenho mais responsabilidades na forma como analiso os actos de gestão do clube e os movimentos que me são possíveis da Vitória FC SAD, mas claro que esta auditoria terá de ter consequências futuras, a vários níveis. Primeiro esclarecer até onde for possível aos sócios das dúvidas existentes nestes últimos 18 anos sobre as várias Direções e suas tomadas de decisão nos destinos do Vitória FC. Segundo avaliar os actos de gestão corrente e a forma como são decididos e executados pela Direção. Terceiro, ter a certeza que as utilizações dos recursos financeiros do Vitória FC são utilizadas de uma forma clara e transparente, em todas os departamentos do clube, e que serão devidamente explicados aos sócios nas respectivas AG anuais. E por último, mas não menos importante, que esta auditoria imponha uma alteração completa da forma como o clube tem vindo a ser gerido nos últimos 18 anos, permitir que no futuro o clube possa ser restruturado na vertente financeira, na vertente comercial, na vertente de ligação com os sócios, torná-lo credível, fiável, honesto e que seja respeitado por todos os agentes do desporto e pela opinião publica em geral, sem isso seremos sempre um clube parado no tempo.
A decisão da auditoria foi aprovada na reunião magna do clube em 28 de Novembro de 2018. A mesma é irreversível?
Claro que sim, mas a comissão, a meu ver muito bem, deve explicar aos detentores do clube que são os seus sócios, a forma que encontrou mais económica, mas que possa responder a todas as perguntas que veem fazendo ao longo destes anos. Se existir luz verde para a forma encontrada, teremos o dever e a obrigação de avançar o mais rapidamente possível. Da parte do CFD estamos prontos para o fazer, necessitaremos sempre do apoio e da capacidade financeira da Direcção.
Que mensagem quer deixar aos sócios do clube antes da realização da Assembleia Geral?
Deverão comparecer o maior número possível de sócios, deverá ser uma AG virada para o futuro do clube, e sabemos que o futuro do clube começa nesta auditoria, sem ela estaremos presos no tempo, vamos elevar o nome do clube e mostrar que os sócios do Vitória FC têm na sua mão a decisão do caminho a seguir. Viva o Vitória Futebol Clube.