Este ano o club de Setúbal celebra 75 anos com aposta forte na divulgação da sua história e planos para o futuro
Na celebração do 75º aniversário do Rotary Club de Setúbal, o presidente António Chitas destaca a importância da exposição “75 anos de Rotary em Setúbal 1944-2019”, inaugurada amanhã, na Casa do Bocage, pelas 17h00. Um momento de reflexão sobre a história da comunidade setubalense e que recebeu o club e superou desafios, desde a sua fundação, até à actualidade. E um ponte de homenagem ao médico Mário Moura, que completa 60 anos enquanto membro do Rotary Club de Setúbal.
Esta mostra deixará patente, até ao fim de Março, um conjunto de objectos históricos ligados à actividade do club, desde emblemas, medalhas, Livros de Honra assinados por figuras ilustres da cidade e do país e vários quadros.
“Hoje o club está mais aberto à divulgação da sua actividade” comenta António Chitas, destacando “aliás, esse é um dos nossos objectivos para 2018/2019, dar a conhecer a Setúbal o que é a nossa actividade e a quem os nossos projectos chegam”.
Projectos em comunidade
Paulino Pereira, Soveral Rodrigues, Moutinho de Almeida, foram alguns dos fundadores e grandes activistas do Rotary de Setúbal. “Um club que desde a sua fundação sempre teve como foco ajudar a comunidade envolvente, começando com projectos de apoio a órfãos”.
Mais tarde, o club começou a atribuir bolsas aos melhores alunos do Liceu de Setúbal. Entre nomes reconhecidos que conquistaram estes prémios, António Chitas destaca “Joaquina Soares, actual directora do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, Vitor Gonçalves, professor universitário em Lisboa e Setúbal e o cardiologista Fernando de Pádua, que até hoje faz questão de afirmar que estudou graças a uma bolsa concedida pelo Rotary Club”.
Hoje, um dos grandes desafios do club é dar continuidade ao trabalho desenvolvido na educação e saúde. “A par de um grande suporte às novas gerações de rotários, cujo trabalho se tem centrado na defesa do Ambiente, através da replantação de florestas, depois dos incêndios que assolaram o país nos últimos dois anos”.
Em Setúbal parte da actividade é centrada no apoio à APPACDM – Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Setúbal, a qual tem recebido materiais para equipar os Centros de Actividades Ocupacionais. “No momento, o Rotary está inclusive a angariar equipamentos para uma cozinha que servirá como oficina de culinária para os utentes da APPACDM”.
Contudo, o Rotary Club de Setúbal “não mantém apenas esta vertente assistencial”. A aposta na vertente cultural e cívica mantém-se. “Prova disso é a intervenção do club nos eventos que assinalam os 50 anos do sismo de 1969, com o objectivo de alertar a população para riscos e importância de se realizarem simulacros e formações para protecção pessoal”.
Na saúde, António Chitas destaca “o projecto “Saúde Brincando”, desenvolvido na Pediatria do Hospital S. Bernardo, com crianças em tratamento oncológico”. No âmbito deste projecto, “uma vez por mês, as crianças esquecem o meio em que estão e dão asas à imaginação com a actuação de um palhaço”. Um projecto que tem seguimento com a comunidade sénior, no Lar Paula Borba e Lar Acácio Barradas.
Sendo a saúde uma das bandeiras em que os clubs Rotary mais destacam a sua actividade, importa ainda referir o combate à poliomielite, para a erradicação mundial desta doença.
Mais recente é o projecto FRADE – Frente Rotária Anti Diabetes, “criado com o objectivo de trazer novos hábitos alimentares aos mais jovens, de modo a combater a Diabetes Tipo II”.
História e mitos de ‘rotários’ setubalenses
“O Rotary Club de Setúbal nasceu em 1944, numa época em que Portugal estava sob a influência do regime do Estado Novo e a Europa enfrentava a II Guerra Mundial”, explica António Chitas, presidente do club.
António Chitas recorda que, “era uma época difícil para as pessoas se reunirem em torno de uma mesa, a debater soluções para apoiar a comunidade em que se inseriam”. A polícia política do Estado Novo, “mas deixava os activistas do Rotary sob constante pressão” comenta António Chitas.
Pensando à luz da época, o presidente pondera “o que Salazar poderia considerar sobre um grupo de pessoas, com formação académica, que reunia para encontrar forma de ajudar as pessoas mais desfavorecidas? Para o governante seria sem dúvida uma ideia perigosa”.
Depois desta época, “durante muto tempo e até aos nossos dias, manteve-se a ideia de que os Clubs Rotary estariam ligados à política ou religião. Mitos. Política pessoal e religião pessoal são duas coisas que excluímos quando reunimos, porque são escolhas pessoais de cada um. O importante aqui é, apenas e somente, ajudar quem precisa”.