Numa altura em que a sobrevivência do Vitória Futebol Clube está em risco, os sócios pronunciam-se hoje em Assembleia Geral extraordinária sobre as medidas a adoptar caso se confirme o não licenciamento do clube para participar na Liga 3. Na sessão a realizar no Pavilhão Antoine Velge, pelas 20:30 horas, está em cima da mesa a possibilidade de o emblema sadino ser extinto e ser fundado outro com nova denominação.
Apesar de a direcção presidida por Carlos Silva acalentar a esperança de o clube, depois de alcançar a subida de divisão em campo, ter o recurso que apresentou ao Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) aprovado, a realidade é que o pior cenário é algo que assombra por estes dias os vitorianos que podem ver o seu centenário clube, fundado em 1910, acabar. “Essa possibilidade está em cima da mesa. Na Assembleia Geral, vamos colocar todos os cenários em cima da mesa, mesmo não havendo ainda nesse dia uma decisão sobre o recurso do licenciamento da FPF.
E acrescenta: “O que vai ser falado na AG é de extrema importância. Os sócios são soberanos. O clube é deles e são os sócios que se têm de pronunciar sobre a melhor e a pior das hipóteses que estão em cima da mesa. Na melhor ou na pior, serão os sócios a decidir o que vai acontecer”, vincou Carlos Silva a O SETUBALENSE, sem recorrer a fatalismos, uma vez que entende que, no caso do licenciamento, o clube tem a sua situação regularizada.
No entanto, consciente da delicadeza do momento que se vive, o presidente lança um repto aos vitorianos. “Apelo a que os sócios estejam presentes na Assembleia de sexta-feira. Quantos mais participarem mais força mostramos”, vincou, referindo que será “explicado todo o processo de licenciamento de forma a esclarecer as dúvidas que possam existir, além de expormos as várias hipóteses que estão em cima da mesa”.
Ainda sobre as consequências do chumbo do licenciamento, o dirigente, eleito para o cargo em Dezembro de 2020, diz que seria o culminar de uma situação nebulosa. “Se acontecer o não licenciamento é algo impensável, mas no futebol português há tantas situações estranhas! Espero que esta não seja mais uma a engrossar a lista das coisas estranhas que se estão a passar”.
Uma coisa é certa: se os associados optarem pela extinção e criação de um novo emblema, a equipa de futebol do novo clube terá sempre de começar na 2.ª Divisão Distrital da Associação de Futebol de Setúbal (AFS), uma vez que o Vitória B [participou em 2023/24 na 1.ª divisão da AFS e concluiu a prova na 9.ª posição] pertence também à SAD.
Recorde-se que no comunicado assinado por David Leonardo, presidente da Mesa da Assembleia Geral dos sadinos, consta a seguinte informação: “Convoco a uma sessão extraordinária, no dia 14 de Junho de 2024, pelas 20:30 horas, que terá lugar no Pavilhão Antoine Velge, tendo como Ponto Único da Ordem de Trabalhos: não aprovação do Plano Especial de Revitalização (PER) e Inscrição da Equipa de Futebol da VFC SAD, na Liga 3 – Esclarecimentos e definição das medidas a tomar”.
Há três anos e meio no cargo de presidente do clube, Carlos Silva, não obstante o momento delicado vivido no Bonfim, sublinha que fará o que lhe compete para defender o Vitória até ao fim. “Estou aqui a falar em representação do clube, como membro da SAD. O Vitória não é o dono da SAD, esse é o investidor (Hugo Pinto). Como representante do clube compete-me lutar até ao fim”.
A 20 de junho, a FPF publica a listagem de clubes licenciados para as competições organizadas pelo organismo em 2024/25. Se a decisão não for favorável aos interesses do clube e se essa for a vontade dos sócios na AG, o Vitória irá recorrer. “Depois do Conselho de Justiça da FPF, se houver necessidade, vou ao TAD e para onde tiver de ir. No entanto, como penso que a razão está do nosso lado, creio que não será necessário ir ao TAD. Temos tudo regularizado”.
Questionado sobre se o Vitória não estará agora a pagar a factura dos anos em que esteve associado como clube incumpridor, Carlos Silva é peremptório. “De alguma forma, sim. Na reunião que tivemos na AT falou-se do historial de incumprimento. No entanto, o passado não se pode sobrepor ao presente. Desde 2020 que a realidade do clube é de cumprimento e regularização das contas. As instituições não podem continuar a ‘bater’ no Vitória pelo que aconteceu no passado porque o presente diz que somos um clube cumpridor”.