No próximo dia 9 de junho seremos chamados a votar nos nossos representantes ao Parlamento Europeu. As eleições europeias caracterizam-se por não mobilizarem muito os cidadãos de uma forma geral. De todas as eleições registam não só a mais baixa taxa de participação como, invariavelmente, bastante menos de metade dos cidadãos com direito (e dever cívico, já agora) a votar.
Aponta-se, normalmente, o facto de os portugueses não sentirem um grande apelo à sua participação como a razão da referida (um pouco embaraçosa) abstenção. Paradoxalmente, em diversos estudos de opinião levados a cabo por entidades europeias (institucionais e outras) Portugal e os portugueses aparecem sistematicamente como grandes entusiastas do projeto europeu, revendo-se no que poderemos chamar de matriz identitária europeia como poucos outros países ou povos.
Talvez não seja intempestivo concluir que, apesar de reconhecermos ao projeto de paz e prosperidade europeu uma enorme mais-valia para a nossa vida individual e coletiva, genericamente sentimos um afastamento da política europeia que se traduz na não participação nos seus atos eleitorais.
É imperativo que o nosso reconhecimento à importância do projeto europeu tenha uma tradução na nossa participação eleitoral. Isso sublinha um sinal aos decisores políticos europeus que não é despiciendo, assim como também responsabiliza mais os nossos eleitos.
E há muitas razões para isso acontecer, senão vejamos: precisamos de recuar décadas para encontrar paralelo com a instabilidade e incerteza que hoje vivemos na União – seja o contexto da guerra às portas da “nossa” Europa, seja a questão cada vez mais relevante das migrações a par do “inverno” demográfico que o velho continente vive, sejam as preocupações com as alterações climáticas e as necessidades energéticas que suportem as nossas vidas num justo equilíbrio com a sustentabilidade do planeta, há diversas e relevantes matérias que não encontram resposta à altura no contexto nacional e que requerem uma ação concertada de, pelo menos, nível europeu.
Estas são questões que têm impacto direto nas nossas vidas apesar de, por vezes, nos parecerem distantes. Mas há outras. Há uns dias, aqui nas páginas d’O Setubalense, a candidata ao Parlamento Europeu, Ana Catarina Mendes, lembrava, e bem, num artigo intitulado “A Europa no concreto”, a justiça que o Governo do Partido Socialista fez a este território com a alteração das NUTS. A diferença para os municípios, para as empresas, para as associações, no fundo, para toda a população é significativa porquanto passa a haver para este território um programa de fundos europeus próprio.
Para lá disto, é fundamental nós termos voz para influenciarmos o curso da história da União Europeia. Veja-se a importância que teve a visão do anterior Primeiro-Ministro, António Costa, na resposta que demos coletivamente à crise da pandemia Covid-19. Uma década antes, na crise das dívidas soberanas, a resposta foi austeridade. Na crise pandémica, a resposta foi solidária, foi de cooperação entre todos e o resultado está bem à vista de todos.
Por tudo isto é tão importante apelar à participação de todos nestas eleições!