Cinquenta anos e muitas hipóteses depois, o Governo acabado de tomar posse anuncia a localização, a construção e os acessos rodoviários e ferroviários do Novo Aeroporto de Lisboa. Anuncia tudo isto relacionado com o futuro Aeroporto Luís de Camões, no Campo de Tiro de Alcochete, mas com alguns “pormenores”. Nomeadamente, que o atual aeroporto Humberto Delgado vai beneficiar de melhoramentos que incluem até a sua expansão.
Como se sabe, e só para nos referirmos aos últimos anos deste longo historial, a preferência do PS e do PSD, era o Montijo. E, vejam lá! Coincidência das coincidências, era essa também a da Aeroportos e Navegação Aérea (ANA). Ou seja, da multinacional francesa Vinci, que é quem comprou a ANA aquando da sua privatização feita de acordo com os partidos acima referidos, que beneficia a exploração do aeroporto de Lisboa durante 50 anos e tem opção na localização de qualquer outro a construir num raio de 75 quilómetros da nossa capital.
Aliás, a opção na Base Aérea do Montijo que não passava de um apeadeiro aéreo com múltiplas e graves implicações ambientais, só não se concretizou, devido à contestação de praticamente todas as organizações de defesa do ambiente, das autarquias CDU da região e, sobretudo, devido ao veto que então tinham possibilidade de fazer, e que fizeram, os Municípios do Seixal e da Moita. Desistindo depois este último, por mudança política para o PS. Vindo depois a Comissão Técnica Independente concordar com a posição do Município seixalense e, nomeadamente, também com a do PCP.
Também o estudo do LNEC, de 2008, concluiu que a melhor opção para a construção do novo aeroporto, era no Campo de Tiro de Alcochete.
Portanto, se agora a Vinci concorda com a opção anunciada pelo Governo, para além da expansão do Humberto Delgado que tem impactos negativos na saúde pública devido ao ruído e não só, mas que maximiza os seus lucros, ela lá saberá que, porventura, mais benefícios espera.
Conclusão, que Lisboa e o País, precisam de um novo aeroporto com condições de futuro como será o de Alcochete, ninguém duvida. Lamentável, é que quem mais beneficie com isso, seja um grupo estrangeiro.
E só mais este “pormenor”, como é sabido, os dois partidos citados que se alternam no poder mais a IL e o Chega, preconizam também a privatização da TAP. O seu presidente, Luís Rodrigues, nomeado pelo Governo anterior (mas podia ser por este), já veio dizer que o anúncio do novo aeroporto, potencia, e muito, as condições para a privatização da empresa.
O vendedor de banha da cobra, líder do novel partido de extrema-direita, acusou o PR, Marcelo Rebelo de Sousa, de traição à Pátria, por este ter tido a dignidade de recordar os quinhentos anos que escravizámos e fizemos de mainatos os povos das ex-colónias, mas, claro, porque ao contrário do que diz, o seu partido faz parte do sistema e não põe em causa o patriotismo de quem aliena a ANA, a TAP e tantas outras empresas que deveriam ser do Estado, do povo.