As instituições da região são unanimes: o novo aeroporto de Lisboa, por todas as razões, tem de ser construído no Campo de Tiro de Alcochete
O Governo deverá anunciar a construção do novo grande aeroporto de Lisboa na próxima semana, provavelmente na quinta-feira, e tudo indica que a decisão aponta a Alcochete, acompanhando assim a recomendação da Comissão Técnica Independente (CTI), que estudou várias localizações para a infra-estrutura aeroportuária. Para as instituições da região de Setúbal, a opção só pode ser Alcochete, nem Vendas Novas nem nenhuma outra faz sentido.
“A opção tem de ser o Campo de Tiro de Alcochete; é a única resposta plausível”, afirma o presidente da Câmara Municipal de Alcochete, Fernando Pinto. “Estivemos mais de um ano a trabalhar com a CTI e com outros técnicos de vários sectores, não faria qualquer sentido não endereçar a conclusão da CTI”, acrescenta relembrando ainda que esta localização foi conversada entre o anterior governo do PS, e o PSD, então na oposição, e que agora governa como AD.
Para o autarca, a escolha de Alcochete para receber o novo aeroporto é capitular quando se trata de um grande investimento “importante tanto para a região como para o País”. Além disso, atendendo aos vários estudos técnicos, inclusive ambientais, “a decisão só pode ser a opção Alcochete”, reitera.
A conclusão do relatório da CTI, que aponta Alcochete como a melhor localização para o novo aeroporto, é mesmo para seguir, entende também a Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS).
“Desde o momento em que foi conhecida a análise técnica comparada, produzida pelo LNEC [Laboratório Nacional de Engenharia Civil] em 2008, que a localização do novo aeroporto da Região de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete se assume, para a nossa região e para a AMRS, como a solução com maior potencial e menores impactos”, afirma a associação a O SETUBALENSE. Diz ainda que a opção Alcochete “é aquela que reúne um vasto consenso entre autarcas e a sociedade civil”.
Para AMRS, a confirmação pela CTI de que a localização no Campo de Tiro de Alcochete “é uma das mais favoráveis, considerando os vários parâmetros em análise, não deixa antever qualquer razão para que esta não seja a localização a anunciar pelo Governo na próxima semana”.
Sem qualquer dúvida de que o novo aeroporto da Região de Lisboa “é uma âncora fundamental no desenvolvimento do País”, a AMRS afirma ainda que, tendo em consideração o acolhimento do novo equipamento aeroportuário no Plano Estratégico de Desenvolvimento da Península de Setúbal e em todos os documentos estratégicos, “a nossa Região está preparada para receber esta infra-estrutura”.
E conclui: “Estamos convictos que a localização do novo aeroporto da Região de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete, mesmo na solução dual com o Aeroporto Humberto Delgado, [Portela] é aquela que apresenta maior ‘flexibilidade e sustentabilidade global’, maior perspectiva de futuro e que melhor acautela o interesse nacional”.
Embora a opção Alcochete não seja uma “prioridade crítica” do ponto de vista da AISET – Associação da Indústria da Península de Setúbal, Nuno Maia, director-geral desta instituição agregadora do sector industrial da Península de Setúbal, não recusa a possibilidade Vendas Novas, já quanto à opção Santarém, considera que é a menos conveniente devido à distância” e obrigar a construir novos acessos no canal norte que, já por si, está bastante saturado.
A opinião de Nuno Maia tem em consideração a influência do novo aeroporto para as indústrias da península. “Para a natureza da nossa actividade industrial, a localização [desta infra-estrutura] é pouco importante”, mas também afirma: “Claro que quanto mais o novo aeroporto estiver nas imediações da península, melhor é”.
Para o director-geral da AISET, a maior preocupação vai para os “necessários” investimentos do Governo nas acessibilidades ao Porto de Setúbal, nomeadamente, na ferrovia, ou seja, ‘linhas’ que mais potenciam a actividade de negócio e económica do sector industrial da península.
A localização Campo de Tiro Alcochete também não é determinante para Isaú Maia enquanto presidente da Associação do Comércio, Indústria, Serviços e Turismo do Distrito de Setúbal, no entanto, é firme em dizer que a opção Alcochete “faz todo o sentido. Não vejo outra hipótese”.
Outra hipótese não é aceite pela “Plataforma Cívica BA6 não”. Para José Encarnação, membro deste organismo, o novo aeroporto só não será construído no Campo e Tiro de Alcochete por “pressões da ANA junto do Governo”, uma vez que a empresa responsável pela gestão de aeroportos em Portugal “está interessada no alargamento do aeroporto da Portela e levar a nova infra-estrutura aeroportuária para o Montijo.
Isto seria “deitar para o lixo tudo o que já foi feito, tanto pelo LNEC como pela CTI. Decidir o contrário destes organismos, seria um País mal governado”.
Para José Encarnação nem a opção Vendas Novas faz sentido, uma vez que “não tem estudos feitos”. Portanto, tudo o que for decidido que não seja a localização Alcochete “é errado”, e afirma mesmo: “Se assim não for, a “Plataforma Cívica BA6 não” vai protestar, e muito”.
