Relatório pedido pelo Governo afirma que BA6 é a única solução para evitar a ruptura da Portela a partir de 2020
A base aérea do Montijo é apontada como a “única solução viável” para instalar um novo aeroporto complementar ao da Portela, em Lisboa, indica um relatório da consultora Roland Berger entregue ao Governo em Dezembro.
O documento afirma que a localização do Montijo é a única solução para evitar a ruptura da Portela a partir de 2020, com base numa “validação de cenários em termos de procura e capacidade da infra-estrutura aeroportuária para Lisboa”, analisando três hipóteses: manter-se a Portela, haver uma “Portela + Montijo” ou um novo aeroporto construído de raiz.
O relatório, a que o Diário de Notícias teve acesso e divulgou ontem, conclui, no sumário executivo, que “de forma a assegurar uma solução que permita acomodar o crescimento do tráfego no período a partir de 2019-2020 é necessário avançar no imediato para o aprofundamento da solução mais atractiva, “Portela + Montijo”, e garantir o alinhamento dos principais [interessados]”.
As linhas gerais do estudo, que foi encomendado pela Autoridade Nacional da Aviação Civil, são “aprofundar estudos técnicos preliminares e de impacto ambiental existentes, soluções técnicas aeroportuárias e desenvolvimento das acessibilidades, avaliação do impacto da solução “Portela + Montijo” em termos tarifários e contratuais, análise da sua viabilidade económico-financeira e validação da capacidade de mobilização das companhias low cost para o Montijo”.
Num cenário em que se prevê que o tráfego na Portela cresça o dobro (6%) da Europa até 2020, a solução “Portela + Montijo” “deverá permitir acomodar o crescimento de tráfego previsto pelo menos até 2050, desde que assegurado o alargamento e optimização da gestão do espaço aéreo, assim como uma abordagem eficaz à transferência das companhias low cost para o Montijo “, afirma o relatório.
O alargamento e optimização da gestão do espaço aéreo prendem-se com as necessidades operacionais da Força Aérea no Montijo, onde estão sedeadas as esquadras de transporte (C-130 e C-295) e helicópteros EH101 (busca e salvamento), explica o DN. Já a “abordagem eficaz à transferência das companhias low cost para o Montijo “esbarra na oposição já declarada da Easyjet em deixar a Portela”.
O estudo da Roland Berger indica então que caso seja transferido para o Montijo “parte do tráfego” das companhias low cost a partir de 2020, “a Portela apenas atingirá 30 milhões de pessoas em 2035” (12 anos após a solução” de manter o aeroporto no actual espaço.
A hipótese de manter o aeroporto em Lisboa “não deverá ser viável para além de 2029-2031”, com o aumento da sua capacidade actual, segundo a consultora.
Caso o Governo optasse por construir um novo aeroporto de raiz na área de Alcochete, obra que teria o custo de 5,4 mil milhões de euros, sem contar com os custos das acessibilidades, e que demoraria uma década, haveria uma “estagnação do tráfego e deterioração da qualidade de serviço da Portela até 2024”.
Segundo o DN, o relatório ressalta que a Portela ficaria “totalmente congestionada ao longo de cinco anos (2020-24). Nesse período, “verificar-se-ia uma perda acumulada de 20 milhões de pessoas” no aeroporto de Lisboa.