O jovem, que integra o programa Seixal Criativo, diz que a IA é uma ferramenta útil, mas há riscos quando muitas pessoas ainda não estão preparadas para a utilizar no seu completo potencial
Matheus Freitas, um jovem de 18 anos, do concelho do Seixal, integra o programa Seixal Criativo e faz parte da equipa que está a desenvolver o R.A.P.I., o Robot Ajudante Português Inteligente, o qual está pensado para apoiar profissionais médicos em ambiente hospitalar, de forma complementar. Considera a Inteligência Artificial (IA) como uma ferramenta desafiante, mas que não consegue aprender o pensamento crítico, a criatividade e sentimentos. Assume que a usa na escola para melhorar os seus trabalhos e pesquisar. Acredita que a ‘máquina’ será capaz de substituir os humanos em alguns trabalhos, mas discorda que possa decidir qual o melhor candidato ou o mais capacitado para exercer certa função.
Defende que com o crescimento da IA e a velocidade a que evoluímos e com a computação quântica mais perto do que nunca, “deveria haver uma iniciativa por parte dos governos sobre como deveriam ser usadas as IA de forma a beneficiarem os utilizadores e haver uma clara distinção de Inteligência Artificial e Pensamento Critico”.
O que entendes ser a Inteligência Artificial (IA)?
A Inteligência Artificial é uma máquina que tem a capacidade de replicar competências humanas como a aprendizagem, organização, e muito mais, mas o que difere uma Inteligência Artificial de uma pessoa são as competências que a IA não consegue aprender, como o pensamento crítico, criatividade, a questão sentimental, e são estas as soft skills que desde a chegada da IA têm vindo a ganhar peso na contratação.
Consegues dar exemplos de onde a IA já é usada no dia-adia?
Um grande exemplo, hoje em dia, é a escola, imensos alunos do 10.º e até doutoramentos usam IA para auxílio nos trabalhos. Eu pessoalmente uso bastante IA na escola para fazer pesquisas, corrigir erros ortográficos e até para melhorar trabalhos.
Já usaste alguma ferramenta com IA, como um ChatBot ou assistente virtual?
Uso constantemente ChatBots para todo o tipo de tarefas, por exemplo na cozinha, uma das minhas receitas favoritas foi feita por IA.
Como foi a experiência?
Foi uma experiência interessante, não estava à espera de uma receita digna de um restaurante cinco estrelas, mas os bolos de arroz fizeram sucesso entre amigos e família.
Consideras que a IA pode ajudar na escola, e em que situações?
Considero que a IA pode adicionar imenso na escola, em situações como trabalhos de grupo em que temos de dividir tarefas ou trabalhos de pesquisa. A IA é uma forma eficiente de nos ajudar a evoluir e obtermos melhores resultados, claro se a usarmos da forma correcta.
Sentir-te-ias confortável se um professor usasse esta ferramenta para corrigir provas?
Dependendo da forma como sou avaliado pelo professor em conjunto com a IA sentir-me-ia confortável ou não. Eu faço uso da IA da forma como gostava que a usassem. Caso o professor usasse para confirmar factos e validar argumentos usados no trabalho estaria confortável, mas caso o professor apenas fizesse upload do trabalho sentir-me-ia injustiçado pela forma como o meu trabalho foi avaliado.
Na tua opinião a IA pode substituir os humanos em alguns trabalhos, e quais?
A IA pode e vai substituir os humanos em variadíssimos trabalhos, sendo eles principalmente os trabalhos de produção de bens materiais, atendimento em supermercados, que se tem vindo a tornar a realidade em outros países, lojas sem atendentes, as pessoas entram colocam os produtos que querem no cesto e saem, sendo descontado o valor dos produtos automaticamente.
É justo que a IA decida quem merece uma vaga de emprego?
Não considero justo ser a IA a fazer a selecção para vagas de emprego em nenhuma área, uma IA não tem a capacidade de saber/ decidir qual o melhor candidato ou o mais capacitado para exercer certa função, são justamente as funções que a IA tem em falta que o humano tem de exercer.
Quem deve ser responsabilizado se esta ferramenta digital cometer um erro grave?
Dependendo da gravidade do erro deveria haver abordagens, mas a empresa que gere a IA deve ser responsabilizada porque a empresa tem de garantir a qualidade do serviço que está a oferecer.
As pessoas estão preparadas para viver num mundo com cada vez mais tecnologia inteligente?
A maioria das pessoas ainda não está preparada para utilizar a IA no seu completo potencial, a comunidade jovem já está bastante por dentro do assunto, mas nem toda a gente nas faixas etárias acima aceitou tão bem a chegada da IA por medo de perderem o emprego e estarem demasiado apegados aos métodos Old School. Na minha opinião, com o crescimento da IA e a velocidade a que estamos a evoluir e com a computação quântica mais perto do que nunca, deveria haver uma iniciativa por parte dos governos sobre como deveriam ser usadas as IA de forma a beneficiarem os utilizadores e haver uma clara distinção de Inteligência Artificial e Pensamento Critico que é o problema que fará com que os humanos quem confortáveis com a IA, o que pode atrasar o desenvolvimento de certas áreas psicológicas dos humanos.
Como imaginas que será a vida, daqui a um século, com a Inteligência Artificial?
Eu gostava de imaginar o mundo algo futurístico com altos avanços científicos, mas essa ideia torna-se um pouco difícil de imaginar pela falta de pensamento crítico. A longo prazo a IA pode ser prejudicial para a forma como o humano pensa e como toma decisões perante situações do dia-a-dia. A IA vai trazer muita automação no futuro o que irá beneficiar em muito todas as áreas.