8 Maio 2024, Quarta-feira

‘Currículo’ do Teatro Estúdio Fontenova apresenta mais de 50 produções em quase quatro décadas

‘Currículo’ do Teatro Estúdio Fontenova apresenta mais de 50 produções em quase quatro décadas

‘Currículo’ do Teatro Estúdio Fontenova apresenta mais de 50 produções em quase quatro décadas

Director artístico revela que futuro passa por “continuar a lutar por espaço que proporcione autonomia para criações”

 

São quase quatro décadas marcadas por mais de 50 produções e 25 anos do Festival Internacional de Teatro de Setúbal (FITS) – a contar com a edição deste ano. Trata-se da actividade do Teatro Estúdio Fontenova (TEF), que ‘nasceu’ numa altura em que “o teatro estava a ficar sem perspectivas de futuro no sentido de inovação e de ambição estética”.

Assim o consideravam os fundadores, com José Maria Dias, director artístico do TEF, a afirmar que, completos 38 anos de actividade, “o balanço é muito positivo”.

Do currículo fazem parte espectáculos como “Voz dos Pássaros”, “O Triunfo das Porcas” e “Corpo Pequenino, Olhos de Gigante”, entre muitos outros, sendo difícil para o responsável “destacar alguma produção em particular”. “Todas nos mereceram os nossos melhores esforços. No entanto, não queremos ser falsos modestos e podemos dizer que fomos evoluindo ao longo dos anos e as últimas produções, por assim dizer, foram as mais conseguidas e de maior relevância”, explica.

Para José Maria Dias, o Teatro Estúdio Fontenova, ao ser uma estrutura profissional que desenvolve em Setúbal “uma actividade de criação e programação artística nas artes performativas e do teatro com relevância a nível nacional e internacional, contribui para o seu desenvolvimento e engrandecimento cultural”. Em simultâneo, “privilegia o público do concelho com os seus espectáculos e os que programa no FITS”.

Produções escolhidas consoante elenco e oportunidades

Questionado sobre quais os critérios utilizados para a escolha das produções, revela que “são variados” e vão “desde o elenco disponível à actualidade e oportunidades dos temas abordados, bem como desafios que são propostos”.

“A prática do TEF, desde sempre, é levar ao público temas relevantes, e por vezes fracturantes, porque consideramos que o teatro não deve ser só entretimento. Tem de confrontar, desafiar e questionar”.

Quanto à adesão aos espectáculos, salienta que “o número crescente de público que assiste” aos mesmos demonstra que são “cada vez mais bem acolhidos, mesmo tendo em conta que não são de uma estética comercial e de puro entretenimento”.

Fora do concelho, garante que têm “uma aceitação que é demonstrada com os inúmeros convites para circulações não só nacionais como internacionais”.

Apesar de orgulhosos com o que têm vindo a construir, José Maria Dias explica que não se podem “dar por satisfeitos, pois seria o conformismo a estagnação”. Dos restantes projectos desenvolvidos em paralelo com o teatro, como debates e oficinas de teatro, diz novamente não destacar nenhum. “Em todas as actividades é posto todo o nosso empenho, mas todas têm o mesmo objectivo de aproximar a cultura a todos”, sublinha

“Exigências do público levaram a maior cuidado na produção”

Sobre se é actualmente fácil fazer-se cultura, responde que “depende do tipo”. “Depende se referimos a cultura popular ou a mais erudita. Considero que já foi mais fácil produzir eventos culturais, mas mesmo assim não é difícil. No entanto, as exigências estéticas, de gosto e de literacia do público levaram a um maior cuidado na produção dos eventos”.

Para o Teatro Estúdio Fontenova, o apoio sustentado da Direcção-Geral das Artes “é muito importante porque permite que a companhia tenha nos seus quadros permanentes sete profissionais com estabilidade”.

“Permite-nos desenvolver a nossa actividade sem sobressaltos e sem o fantasma, que nos perseguiu durante muitos anos, da precariedade e da falta de perspectivas de futuro. Esta conquista já dura desde 2018 e foi o resultado do nosso trabalho e da coerência na nossa linha estética e qualidade artística”, sublinha.

Já os principais desafios são aqueles com que “se deparam no dia-a-dia, da preocupação de nunca estagnar, de procurar novos desafios e de, a cada nova produção, superar a anterior, inovando sempre”. “Na arte a insatisfação é o motor para a inventiva, a criação e continuar a fazer justiça ao lema de sermos uma ‘fontenova’ de teatro”.

Já o futuro “passa pela co-criação com a Companhia João Garcia Miguel do espectáculo “A Ruiva”, que estreará no próximo FITS”, assim como pretendem “continuar a lutar por espaço que proporcione autonomia para as criações e acolhimentos”. “É um objectivo antigo que ainda não concretizámos, que é dotar a cidade com um espaço polivalente e tecnicamente apetrechado para uma lotação de 150 a 200 pessoas”, conclui.

 

 

25.ª edição Festa do Teatro de Setúbal com lugar de relevo

Este ano, de 17 a 26 de Agosto, com extensão a 20 de Setembro, o Festival Internacional de Teatro de Setúbal (FITS) completa a sua 25.ª edição e “o balanço não pode ser mais positivo”.

São palavras de José Maria Dias, director artístico do FITS e do Teatro Estúdio Fontenova, que garante que o evento já conquistou “um lugar de relevo no panorama dos festivais a nível nacional e internacional”.

“Basta olhar para o número de candidaturas que recebemos todos os anos e dos contactos e concretizações com embaixadas e companhias estrangeiras com quem temos trabalhado e continuamos a trabalhar”, explica.

No entanto, a organização do FITS “não tem sido fácil”. “Basta dizer que a programação é feita com um ano de antecedência”, confessa, revelando que “a maior dificuldade está em conseguir espaços com condições técnicas para acolher os espectáculos”.

Para a sua realização, têm contado com “os apoios imprescindíveis da Câmara de Setúbal e do Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama”, além de que “felizmente o público tem aderido sempre em grande número, o que prova também a importância que o festival tem para o concelho na oferta cultural e no desenvolvimento do turismo cultural”.

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