24 Abril 2024, Quarta-feira
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José Ferreira: O engenheiro aeroespacial que estuda a desintegração dos detritos na atmosfera

Já foi docente do Politécnico de Setúbal, colaborou na criação do primeiro micro-satélite português e agora está a fazer o doutoramento em Los Angeles

 

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José Pedro de Sousa Ferreira, de 28 anos de idade, nasceu no Hospital do Barreiro a 23 de Março de 1994 e licenciou-se no Instituto Superior Técnico em Engenharia Aeroespacial com 17 valores.

Ainda foi docente do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), onde lecionou as Unidades Curriculares de Fundamentos de Aeronáutica e Mecânica, na Escola Superior de Tecnologia (EST), mas, entretanto, deixou o país para rumar aos Estados Unidos da América, onde está a fazer o doutoramento na University of Southern Califórnia, em Los Angeles.

Uma aventura que começou em Janeiro deste ano, pelo, como diz o próprio, está ainda “numa fase bastante inicial” do percurso dominada pela parte curricular.

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“Como investigador do departamento de engenharia astronáutica, estou interessado em aferir o impacto ambiental da desintegração e incineração de detritos espaciais durante a reentrada na atmosfera terrestre. Esta é uma fase pela qual os satélites em fim de vida perto da Terra terão quase obrigatoriamente que passar de modo a limpar a órbita para que outros possam ocupar o seu lugar. Compreender em detalhe este processo permitirá descortinar a influência do mesmo em mecanismos críticos para a regulação da temperatura no planeta, como a camada de Ozono.”, explica.

José Pedro Ferreira colaborou em investigações na Agência Espacial Europeia (ESA), na agência espacial indiana (ISRO) e na agência espacial norte-americana (NASA) e integrou a equipa que liderou o projeto INFANTE, um esforço repartido por um consórcio de 19 entidades nacionais entre empresas, universidades e centros de investigação, que criou o primeiro micro-satélite pensado, desenvolvido, produzido e testado em Portugal. “Juntei-me à equipa como engenheiro de sistemas em 2018 e, a partir de 2020, assumi a liderança técnica da parte de engenharia do projecto, que terminou no final de 2021”, refere.

A investigação continua a ser a sua única ocupação pelo que já considera que é essa a sua profissão.

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“Eu costumo afirmar que realizar um doutoramento é um desafi o suficientemente grande a ponto de considerar a minha profissão actual a de investigador, sendo esta a minha única
ocupação. Quanto ao futuro, tenciono ficar nos EUA a finalizar os meus estudos que durarão seguramente mais alguns anos.”, disse a O SETUBALENSE.

Filho de dois engenheiros, que “claramente” lhe despertaram o gosto pela área, e nascido de uma família que se fixou na região há duas gerações, José Pedro sente-se muito próximo do Barreiro e, sobretudo, de Alhos Vedros.

“O meu percurso académico foi todo realizado no distrito de Setúbal até ao ingresso no ensino superior. Até ao ensino secundário frequentei escolas na freguesia de Alhos Vedros, terra onde cresci e à qual chamo casa. A partir do 10o ano mudei-me para o concelho do Barreiro, e assim mudou também a minha afiliação escolar.”, conta o agora doutorando. E faz questão de nomear as escolas por onde passou “por reconhecer a importância destas instituições de ensino e das pessoas que as representam”, não só no seu percurso em particular, mas “também do ensino público na formação dos jovens em geral”: Escola Básica no2 de Alhos Vedros, Escola Básica 2º e 3º Ciclos José Afonso e Escola Secundária Alfredo da Silva.

“A minha relação com este distrito é quase embrionária, uma vez que nele cresci e me formei. Para além da minha recente ligação ao IPS enquanto docente, a minha juventude foi indelevelmente marcada, na região, pela minha formação enquanto pessoa.”, continua.

Praticou futebol em competições da Associação de Futebol de Setúbal dos 8 aos 24 anos de idade, tendo envergado maioritariamente as cores do Clube Recreio e Instrução e ainda do Grupo Desportivo e Recreativo “Portugal”. Além do desportivo, teve um percurso artístico, em que frequentou o Conservatório Regional de Setúbal, entre 2005 e 2013, onde integrou o Coro de Câmara e concluiu. Uma fase da vida que lhe deixa a memória de ter actuado “em várias salas emblemáticas da região”.

José Pedro Ferreira acredita num futuro auspicioso para a Margem Sul.

“Vejo a região de Setúbal com um potencial tremendo na era pós-pandemia ao conciliar uma boa qualidade de vida com a integração numa grande área metropolitana. Com o advento do trabalho remoto e aumento significativo do custo de vida a Norte do Tejo, vejo como cada vez mais natural a expansão da massa populacional de Lisboa para a região de Setúbal. É precisamente nessa fase que a região terá que saber cativar talento e valorizar a indústria que tanto fez por esta região no passado. Vejo com bons olhos projetos recen-
temente anunciados de investimento em modernização e alargamento de unidades de investigação, bem como a aposta na internacionalização, de modo a capacitar a região com as ferramentas que lhe permitam diferenciar-se pela inovação e não pelo reduzido custo laboral. Existem porém outros vetores que necessitam ser constantemente monitorizados, como a inclusão social ou o acesso equitativo a serviços primários, de modo a garantir a harmonia na região e permitir receber os recém-chegados de braços abertos, de modo a que estes estejam na sua melhor versão ao acrescentar valor.”

 

José Ferreira à queima-roupa

Idade: 28 anos

Naturalidade: Barreiro

Residência: Los Angeles, EUA

Área: Engenharia Aeroespacial

Quer perceber o processo de desintegração e inceneração dos satélites que regressam à Terra, do ponto de vista do impacto ambiental

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