2 Maio 2024, Quinta-feira
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Nos 50 anos do 25 de Abril

Tínhamos, à época, 20 anos de idade, muitos desejos a conquistar, outros tantos a descobrir. Nessa idade, não temos caminhos traçados, nem metas a concretizar. Vivíamos a vertigem do momento e o momento era de mudança.
Nesse dia, o dia 25 de Abril de 1974, e sem nos apercebermos, eramos protagonistas da História. E o que, a nosso ver, começou por parecer um golpe militar por uma reivindicação, há muito a fervilhar no meio castrense e na juventude, a do fim da chamada “guerra colonial”, assumiu-se como uma revolução, nas transformações políticas, sociais e económicas que provocou no nosso país.
Ainda na indefinição, se golpe de Estado ou Revolução, e a vivermos, na época, em Lisboa, para os lados de S. Bento, logo afluímos ao Largo do Carmo onde o principal deste movimento militar se desenrolava: a rendição do então presidente do Conselho de Ministros, o Prof. Marcelo Caetano, e com esta a rendição e o fim do Estado autoritário, iniciado em 28 de Maio de 1926, 48 anos atrás.
E o Largo do Carmo foi pequeno para tanto povo que quis manifestar o seu apoio ao movimento das forças armadas e, particularmente, às tropas comandadas pelo capitão Salgueiro Maia, principais protagonistas da queda do regime ditatorial em Portugal. Era o início de um caminho que conduziu à instauração de um Estado democrático e parlamentar.
Nestes sonhos de liberdade e democracia, anunciados pelas movimentações militares, e caminhando pelas ruas da Baixa de Lisboa, juntámo-nos a uma multidão que saudava efusivamente a passagem da chaimite, de nome “Bula”, onde era levado preso o antigo presidente do Conselho de Ministros do Estado Novo.
Recordámos, então, um outro professor, o nosso professor da 1ª classe, da Escola Primária do Bairro do Mouco, no Montijo, onde estudámos, e de quem muito gostávamos, pelas histórias que ele nos contava, a quem, numa noite desafortunada, uma carrinha levou preso, para não mais voltar.
E as memórias da juventude continuaram, pelos tempos da ditadura: e logo nos veio à memória os tempos passados no Ateneu Popular do Montijo, colectividade congregadora do descontentamento político da juventude local e onde através das suas múltiplas iniciativas se constatava o apego pela liberdade e democracia dos seus associados.
E, entre tantas outras, a lembrança daquela noite memorável, organizada pela mesma colectividade, no salão da Trabatijo, com uma sala cheia e a poesia forte de Ary dos Santos, dita pelo próprio, um também excelente declamador, numa noite em que, ainda, se vivia em ditadura.
Todos estes momentos ficarão na nossa memória, tal como o dia 25 de Abril de 1974 ficará na História deste país, como um caminho tornado mais seguro nas garantias e nas liberdades dos cidadãos, e estrada mais propícia à fluidez do desenvolvimento social e económico.
Também, pela beleza deste momento, que a beleza está nos olhos de quem a vê; também, pela liberdade, que a liberdade está na alma de quem a sente; pela democracia, que a democracia está na cabeça de quem a pensa. E ver, sentir e pensar, uma trilogia moderna: de falar em liberdade, decidir pela sua mente, e em tudo o que acha belo, ver beleza. Que o homem é a medida de tudo e tudo é o que o homem quer.

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